3 de fevereiro de 2013

Enquanto isso na lanchonete
















Sabe quando você acorda e o céu está lindinho e azul lá fora? E aí você se empolga e passa duas horas se arrumando (porque quer sair linda e combinando com aquele dia de sol maravilhoso do amor), pra descobrir na hora de sair que o tempo virou?
Sempre acontece comigo. Acontece de verdade, muita chuva nessa terra, mas claro, também acontece dessa forma metafórica que você pensou.

A vida é engraçada. 

26 de janeiro de 2013

Cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada

Acho que cortar o cabelo é como usar drogas. No início, é algo que você não faz - só apara as pontas, duas vezes por ano e com o cabeleireiro da família. E então você vai para a faculdade, longe do jugo dos pais, e conhece pessoas que já cortam o cabelo há muito tempo. Há aquela pressão social: "tá todo mundo cortando, vamos lá, pega nada". A primeira vez que você experimenta um corte assimétrico, entre surtos de excitação e medo, é só pela farra. 

E você descobre que gosta. E que o novo corte de cabelo não te fez menos decente ou responsável. Quando você volta ao salão, além de acertar as pontas você encurta mais. Percebe que cada mecha que cai ao chão te liberta um pouco.

Você começa a cortar o cabelo a intervalos cada vez menores. Um dia o cabeleireiro sugere "e se a gente passasse a maquininha aqui embaixo...?" e você deixa. No corte seguinte você já pede a maquininha, "e passa aqui dos lados também, por favor". Antes que você se dê conta, está na máquina 0.

Seus amigos começam a ficar preocupados. Você está experimentando muitas coisas novas - navalha, tintura, relaxamento. Talvez você devesse ir com calma. Mas eles estão só sendo neuróticos, você pode parar quando quiser.

Nesse ponto você já corta o cabelo em casa. Corta o cabelo em plena manhã de segunda-feira. Corta o cabelo mais rápido do que ele cresce.

Você inevitavelmente termina na sarjeta, careca, com feridas no couro cabeludo e incontáveis quilos perdidos - de cabelo, que fique claro.


21 de dezembro de 2012

Apocalipse: a maior furada desde o dilúvio

Antes do fim do mundo o mundo vai acabar

Já sabe onde comemorar o fim do ano? Nós, do Meia Mussarela, ainda não sabemos, mas damos a dica de onde NÃO ir: ao Fim do Mundo, marcado para hoje às 21h. Apesar de estar na boca do povo há meses, nossas fontes sugerem que a festa não será tão badalada quanto as redes sociais dão a entender.

Suspeita-se de que nem os próprios hostess do evento, os Cavaleiros do Apocalipse, comparecerão. "Não dá pra confiar nesses caras. A última festa que eles promoveram, na virada de 1999 pra 2000, também foi um fiasco. Nós fumo, não encontremo ninguém", revela a designer, divindade pagã, cantora e bailarina Nayara Gonzalez. "E não é por falta de planejamento, né? Ouvi dizer que a data tá marcada desde 1000 a.C.", completa.

A artista plástica, pole dancer, planner e florista Juliana Machado também põe a boca no trombone: "A organização promete muito e não cumpre. Estamos esperando demônios seminus, fogo da perdição, show pirotécnico - e ouvi dizer que não vai rolar nem um eclipse. Não vale o ingresso."

Também tivemos notícia de que personalidades como Narcisa Tamborindeguy e Valesca Popozuda vão boicotar o evento. Até a atriz ponto Leila Lopes nos enviou uma mensagem psicografada explicando sua ausência: "Minha vibe agora é outra, só quero saber de festa desses anjos, desse Jesus Cristo meu irmão - e do aniversário da minha mãe, que foi quarta-feira."

Quem espera ansiosamente desde 2000 (ou de ainda antes) irá se frustrar mais uma vez com esse armagedon. O melhor é tomar sorvete de pijama em casa, porque o mundo parece que não acaba.

23 de outubro de 2012

São tempos negros para o bê-a-bá

Nessa época de correção política, é preciso tomar muito cuidado onde se pisa. Ultimamente não dá nem pra sair de casa sem ofender um grupo social. E a continuar nesse passo, quem sabe onde o mundo vai parar? Daqui a pouco, sei lá, TODAS as pessoas vão querer ser respeitadas.

Agora é um tal de querer ensinar nas escolas que tá de boa dançar homem com homem e mulher com mulher. E como fica a educação? Imagina quando forem ensinar as crianças em processo de alfabetização a usar corretamente a letra M. Vai ficar mais ou menos assim:

"...e é por isso que o M vem antes do P e do B, porque a Mamãe cuida do Papai e do Bebê. Quer dizer, a não ser que sejam duas mamães, e nesse caso não tem papai. Ou também podem ser dois papais que cuidam do bebê e a mamãe nem entra na história. Quem sabe seja só a mamãe ou só o papai com o bebê, porque eles se divorciaram ou um dos dois morreu ou ainda um deles decidiu adotar o bebê sozinho. E no caso de serem mesmo a mamãe, o papai e o bebê, talvez a mamãe trabalhe pra sustentar a casa e quem cuida do bebê é a babá ou papai que, aliás, sabe se cuidar sozinho. Qualquer uma dessas formações familiares e válida e deve ser respeitada e, por via das dúvidas, nunca escrevam palavras com M."

Precisamos parar imediatamente esses revolucionários!

3 de setembro de 2012

E livrai-nos do piruá, amém

Estudos da Universidade de Massachusetts confirmam: é um tal de ploc ploploc ploc ploc

Pipoca é religião. Não porque proporcione uma experiência transcendental ou eleve a alma ao Nirvana - não cheguemos a tanto. Mas quem sabe o que realmente acontece quando a tampa da panela se fecha? Quem pode explicar que um punhado de grãos secos e estéreis, aquecido com um pouco de óleo, exploda em um verdadeiro show pirotécnico para dar lugar a  deliciosos flocos de isopor?

Os cientistas, incapazes de ver no estouro da pipoca um milagre sublime, tentam explicar o fenômeno com termos técnicos, números e variáveis - porém, como acontece em tantos outros casos (quem aqui acredita em mitocôndria ou raíz quadrada de números negativos?), falham em oferecer evidências definitivas .


Tudo na pipoca prova a existência de um plano maior que rege nossas vidas, a começar por sua própria origem: quem teria adivinhado o potencial oculto no milho se não por inspiração divina? E como alguns poucos grãos resultariam em bacias cheias do prodigioso alimento se não por um milagre de multiplicação? Milagre que, aliás, não é novidade: há 2000 anos já se tem notícia de um messias que multiplicava pipoca para as multidões, e transformava milho em pipoca para curar a larica da madrugada em festas de casamento. Não por coincidência, o ritual mesmo da pipoca incentiva a vivência em comunidade e a partilha.


Há que ser crer em uma deidade responsável pelas maravilhas da pipoca - porque, sinceramente, não sei que alternativa nos resta.

14 de agosto de 2012

Não te fies em água que não corra, nem em gato que não mie

Entre tantas coisas que aprendi com minha mãe, considero um tesouro inestimável a vasta coleção de provérbios envolvendo gatos.
É claro que há outros, e que as avós e bisavós também participaram desta árdua tarefa de criar um repertório de provérbios para todas as horas.
Com aquele sotaque ítalo-paulistano que eu tanto prezo elas diziam toda sorte de conselhos:

"Minha filha, não sei porque você me arranja esses namorado que não tem um gato magro pra puxar pelo rabo."

"Mas menina, vai gastar dinheiro com esse trapinho vagabundo? Filha, isso aí não vale o que o gato enterra."

"Ô sua putana, vem aqui juntar esses brinquedos. O que eu vou fazer com essa menina heim? Só se eu der com um gato morto na cabeça da maldita!"





10 de agosto de 2012

10 minutos para o fim do mundo

AVISO: contém spoiler indireto ao novo filme do Batman (talvez vocês nem percebessem se eu não tivesse avisado).

Quando eu ainda não terminei meu trabalho faltando 10 minutos pro fim do expediente, eu sei que não vai dar tempo. Independente do estágio em que eu esteja, eu aviso minha irmã que não precisa me esperar pra janta, compro um pacote de biscoitos de polvilho na máquina de snacks e me preparo emocionalmente pra - no mínimo - mais meia hora na firma. 


Porque 10 minutos não servem pra nada. Não dá tempo de finalizar um design, salvar no formato correto, conferir com o líder do projeto, desligar o computador, juntar as coisas e ir embora. Pode parecer pouca coisa, mas cada uma dessas etapas toma aí uns 5 minutos (é, até desligar o computador). As únicas coisas que (dizem) se fazem em até 10 minutos são um miojo ou um filho. Ou até os dois. (eu não realmente não saberia confirmar, já que tenho quase 22 anos de muitos 10 minutos e pouca experiência com miojo ou filhos).


Mas de alguma forma, quando faltam 10 minutos para uma bomba explodir, o super-herói sempre consegue quebrar as correntes com que o aprisionaram, derrotar - desarmado - 50 bandidos, cruzar 3 continentes até onde a bomba está, resgatar em queda livre a moça que foi atirada do penhasco, salvar, no caminho, um ônibus escolar prestes a se chocar de frente com um caminhão tanque, beijar seu par romântico, andar despreocupadamente e com muito garbo até a bomba, rebocá-la em seu veículo voador, ser multado por excesso de velocidade enquanto pilota até o alto mar, ejetar seu assento segundos antes da explosão e terminar seus dias tomando piña colada em alguma praia paradisíaca do Caribe - com o par romântico que, de alguma forma, descobriu onde ele estava e chegou lá em (adivinhem!) 10 minutos.


Acho que, da próxima vez que eu ainda tiver trabalho pendente às 18h50*, vou simplesmente pular da cadeira, passar correndo por cima de duas ou três baias, gritar "não se preocupem comigo, apenas salvem suas vidas", me atirar da janela e ir pra casa.




*Sim, algumas pessoas trabalham até as 19h. É um mundo cruel.