15 de junho de 2010

Juliabeth

::msn::

"alex disse (Ontem às 14:00):
*hey lady
alex disse (Ontem às 14:05):
*- "Hey ladieeeee"... ele gritou.
*mas no outro lado não havia resposta.
*a densa névoa que cobria o céu trazia consigo um misto ar de abandono e derrerição.
alex disse (Ontem às 14:06):
*- "Hey, hey, ladieeeee juliabeth"... ele pensou em gritar, mas conteve-se
*da boca nao saiu palavra
alex disse (Ontem às 14:08):
*e cada segundo que acumulava-se trazia consigo uma sensação de que a espera estava cada vez menos distante. não era ansiedade oq ele sentia. é como o ultimo afago que a mãe faz à filha antes do sono,  e que o aumento da espera pelo derradeiro afago traz consigo a proximidade do sono que virá.
*mas o sono não veio.
alex disse (Ontem às 14:09):
*e os segundos agora já transbordavam pela sacada e invadiam a sala.
alex disse (Ontem às 14:12):
*ele podia sentir os segundos languidos e gelados lambendo-lhe os pés, e em pouco flutuaria no tempo no meio da sala e então através da janela, pela noite voluptuosa que se esgueira à espreita das soleiras das casas, diluindo-se na névoa que atravessa as luzes pálidas das ruas desertas.
alex disse (Ontem às 14:13):
*- "hey...", pensou ainda uma ultima vez.
*e foi estudar cálculo. "

6 de junho de 2010

Uma sensação generalizada de desgraça iminente da qual não se pode escapar não importa o que se faça


Já que eu me dei tão bem
(cof cof) com a crítica de cinema, vou experimentar agora a crítica literária.

Com as guei hiperventilando com o fim de Lost, não pude deixar de lembrar das Desventuras em Série. Pra quem não sabe, são 13 livros do Lemony Snicket (pseudônimo de Daniel Handler) contando a história dos irmãos Baudelaire.

No começo, é tudo muito simples: Violet, Klaus e Sunny são três irmãos que ficam órfãos depois do incêndio que consome a mansão em que moravam, e são acolhidos pelo Conde Olaf, que só queria se apropriar da fortuna dos Baudelaire. Com o decorrer da série, porém, aparecem dossiês, diários, organizações secretas, fungos extremamente venenosos, monstros marinhos e a possibilidade de que um dos Baudelaire-pais ainda esteja vivo. N'O Fim (o 13º livro), ao invés das respostas que os leitores esperam surgem novas perguntas.

Os livros são infantis, mas não deixam de ser muito bem escritos. O autor tem um estilo sarcástico e nonsense que corresponde muito ao meu senso de humor. As situações são absurdas, as personagens (com exceção dos protagonistas) são burras e extremamente estereotipadas.

Esse post, na verdade, é para citar algumas máximas do livro que eu acabei de ler: "Raiz-forte - Verdades amargas que você não pode evitar", que reúne frases retiradas da obra de Snicket. As minhas favoritas:

"Há algumas pessoas que acreditam que o lar é o lugar onde se pendura o chapéu, mas essas pessoas tendem a morar em armários e pequenos cabideiros."
"A expressão 'Aqueles que não podem fazer ensinam' é curiosa, porque, se você olhar para o mundo, verá que os professores não são especialmente piores em fazer coisas do que qualquer outra pessoa, e assim a expressão talvez pudesse ser mais bem formulada como 'Ninguém pode fazer nada'."
"Uma biblioteca é como uma ilha no meio de um vasto mar de ignorância, especialmente se a biblioteca for muito alta e a área em torno tiver sido inundada."
"Em uma emergência, frequentemente descobrimos que os nossos companheiros podem ser de ainda menos valia em circunstâncias extraordinárias do que em uma noite comum."
"Uma das coisas notáveis sobre o amor é que, a despeito de pessoas muito irritantes que escrevem poemas e canções sobre o quanto ele é prazeroso, ele é realmente muito prazeroso."
"A coisa que você espera que nunca aconteça com você pode, em vez disso, acontecer justamente com outra pessoa, que passou a vida com medo da coisa que vai acontecer com você."
"Quase tudo nesse mundo é mais fácil de falar do que de fazer, com exceção de 'oferecer subsídios sistemáticos à furtiva, e tão suscetível a cistos, irmã de Sísifo', que é uma coisa mais fácil de fazer do que de falar."
"A citação de um aforismo, como os latidos zangados de um cão ou o cheiro de brócolis cozido demais, raramente é sinal de que algo proveitoso está para acontecer."