4 de julho de 2011

Quarentona da internet

Lembra de quando você usava internet discada e não conseguia explicar pro seu pai por que precisava ficar mais de 3h online? Lembra de quando você esbanjava seu vocabulário jovem no mIRC e ria da escrita exageradamente formal do seu pai? Lembra de quando (pior ainda) seu pai tentava copiar as suas abreviações maneiras, o que resultava em frases estranhas e forçadas?

(se você não lembra de nada disso, saia daqui, esse post não é pra você)

Lembrando dessas coisas, fiquei chocada ao me dar conta de que: já sou uma quarentona da internet. Já não reino soberana nos ambientes virtuais, não assimilo facilmente as tendências da rede, não ajo com desenvolvura na world wild web. Eu sou meu pai.

Minha epifania começou quando eu conversava via Google Talk com um primo pré-adolescente, tendo sérias dificuldades para articular seus fragmentos de palavras sem pontuação em frases coerentes. Felizmente, ele era perfeitamente capaz de levar aquela conversa adiante sem minha contribuição. Mas quando ele disse "e qui do qui do qui do tragico ne" eu larguei as bets. Deitei o rei. Pendurei a chuteira. Não sei lidar com essa frase e, num mundo justo, nem deveria ser constrangida a lidar com ela. (mais tarde me explicaram que ele se referia a esse vídeo, quem iria imaginar)

A verdade é que eu não tenho mais paciência pra vídeos engraçadinhos de crianças tartamudeando ou travestis tartamudeano ou taumaturgos tartamudeando. Nada contra, acho ótimo, dou risada quando leio os memes no Twitter, mas não me interesso em ir atrás da fonte. Agarro-me às minhas referências antigas com unhas e dentes. Leila Lopes ainda é minha musa; tiopês, pra mim, ainda se escreve em "comofäs". Não espere de mim mais que um sorriso vago quando falar de Luisa Marilac (ou sabe Deus quem é a bola da vez agora).

Outra vibe que eu ainda não peguei é a do Facebook. Fiz meu perfil, aceito uma parte dos pedidos de amizade, mas não domino o protocolo social. Fico vexada de dar Like nas coisas - MAS O QUE É QUE AS PESSOAS VÃO PENSAR? Também num guento esses eventos. Não me entendam mal: não vou odiar ninguém por me convidar pra um evento. Mas quando foi que eles substituíram o convite pessoal? Desde quando é lícito enfiar a pessoa numa página do Facebook e jurar que tá tudo certo?

Claro que há casos e casos: em festas comerciais, marchas (tá usando fazer marcha) ou ocasiões em que o número de pessoas importa mais que a identidade, não tem problema. Mas olha só quando a coisa complica: a Marcinha, aquela menina do seu curso com quem você nunca trocou mais do que 2 palavras, faz um evento pro aniversário dela e convida todos os amigos. Você, por uma artimanha sórdida do destino, está entre os amigos dela. Você não quer ir à festa e sabe que ela não te quer lá, mas é de bom-tom declarar Not Attending? A mim parece uma rejeição muito ostensiva.

Talvez vocês saibam lidar com isso com naturalidade. Eu, nos meus melindres de quarentona, não sei.

17 de março de 2011

Apagando as velinhas

Com céu cinza e vento gelado, esse seria apenas um dia comum na capital paranaense, não fosse um evento que está agitando a web. O badalado blog Meia Mussarela, administrado pelas jovens Nayara Gonzalez e Juliana Machado, completa hoje um ano de textos espirituosos e muito sucesso.

“O mais gratificante é ver nosso trabalho reconhecido”, diz Nayara, que além de blogueira é formanda de Design na Universidade Federal do Paraná. Vinda da bela Cidade Canção, ela descobriu em Curitiba um inesperado ambiente hospitaleiro. “As pessoas me páram na rua por causa do blog. Nunca pensei que me tornaria uma celebridade da internet (risos) ”.

Sua colega de classe, a artista plástica Juliana, estranha um pouco o assédio dos fãs. “Sempre fui uma pessoa reservada, nunca imaginei que o blog alcançaria essas proporções”. Animada, ela já pretende se dedicar a outros projetos. “Gosto de fazer uma coisinha aqui e outra ali... já fiz curso de desenho, corte e costura, encadernação, ikebana, culinária, patchwork, scrapbook, astronomia, malabarismo, yoga e feng shui. Mato um leão por dia.”

Questionadas sobre a comemoração, ambas afirmam categoricamente que não querem muito agito. “Tenho um chalé na saída da cidade, vamos dar uma festinha intimista só pros amigos mais próximos. Não são mais que 150 convidados, e dispensamos até os garçons pra dar um clima mais informal”, nos conta Juliana.

Aproveitando o mote da data – St. Patrick’s Day – elas adiantam que a recepção será temática. O buffet servirá os principais pratos da culinária irlandesa: trevos e leprechauns.

Resta saber agora quem serão os convidados, certamente a nata da high society curitibana. Eu já recebi meu convite, e você?

13 de fevereiro de 2011

Corro demais só pra te ver

Tem gente que gosta de correr, né. Diz que é relaxante (???), um momento pra estar a sós consigo mesmo, pra organizar as ideias. Já li até uma crônica do Fernando Sabino sobre como correr estimula a criatividade.

Criatividade MY ASS. Organizar as ideias? A única coisa em que eu consigo pensar quando tô correndo é em correr. Penso em como minhas pernas estão pesadas e meus pés doem e meu coração tá preso na garganta e eu quero tossir meus pulmões pra fora. Penso "vamos lá, Nayara, só mais um pouquinho. Só passa aquele senhor ali pra ele ver que você é melhor que ele. Isso, agora continua pra sumir de vista. Você consegue, vamos lá".

Claro que o Passeio Público, onde eu corro, não tem tanto glamour quanto, sei lá, o calçadão de Copacabana. Mas me arrisco a pensar que, independente do nível de luxo e paganismo envolvidos, eu sentiria a mesma coisa.

Passei 4 meses em 2010 correndo 3 vezes por semana, e não consegui merda de condicionamento físico nenhum. Cada dia era como se eu estivesse começando do zero. Aí que esse ano comecei a fazer natação (plano Verão Sem Canga 2012, participe você também!) e depois de 3 semanas já estou correndo como uma queniana! Natação: recomendo FORTEMENTE.

E um dia desses tava almoçando num restaurante com uma linda vista do Passeio Público, e olhando distraidamente pras árvores vi... um macaco! Não um simpático sagüizinho ou um inofensivo macaco-prego (ok, eu sei que macacos-prego não são inofensivos), mas um macaco GRANDE MARROM E PELUDO. Solto.

Agora vê lá se eu tenho que lidar com isso: além dos pulmões sendo expelidos do meu corpo via oral, da falta de mar e de glamour, dos ratos do tamanho do meu pé e aves que podem dar uma de Hitchcock pra cima de mim A QUALQUER MOMENTO, ainda tenho que ficar atenta a macacos GRANDES MARRONS E PELUDOS que esperam na surdina pra atacar corredores desavisados.

E ainda tem gente que gosta de correr.