24 de maio de 2010

Re: Lascas de Pecorino

Essas coisas de pobre me fazem pensar num desabafo. 
Curitiba está cheia desses eventos esse mês. Restaurante Week, Empório Gastronômico Batel Soho...Bazar na Desmobília.


Sabe, eu acho muito legítima a coisa de "o hype do design, da moda e do descolejo gastronômico na região mais luxo luxo luxo da cidade", e até curto lascas de pecorino. 


Aliás, pra mim, diversão de pobre sempre foi quando no seu amado e querido restaurante popular a quilo, de repente aparece um grande e suculento queijo popularmente denominado e resumido como parmesão com uma colherzinha pra você catucar e tirar as lascas. E se aquele antigo provérbio chinês, que não me deixa mentir, dizia que nesse momento um quilo de Parmeggiano Regiano vale o mesmo que um quilo de chuchu, vamo comê queijo amarelo que hoje é o dia, né minha gente?!


Assim defino o relacionamento raso entre o pobre e o queijo, que é uma questão de valores, não morais, nem familiares, tampouco de paladar. 


Mas este é um texto mais genérico sobre a pobreza. A minha por exemplo, é enorme. Cada coisinha dessas que eu vejo numa loja fofa, sei lá...uma cadeirinha de 2500 reais, uma mesinha de centro, uma mini luminária vintage, toda trabalhada na ferrugem, uma coisa que deveria me sensibilizar, eu não consigo. Minha pobreza de espírito deve ser imensa, para que eu seja impedida de enxergar o mérito em comprar um par de óculos de 12 dolares e vender no Brasil por 900 reais. Desculpa gente bonita, gente famosa, mas eu não entendo. Sou assim mesmo, insensível, rude e sem cultura. E pobre né...porque regular mixaria, dizem, é coisa de pobre.


Você vai lá e passa o dia todo vendo móveis que custam mais do que vc ganha num mÊs, paga no almoço o equivalente a um mês inteiro comendo no restaurante universitário (tá, não serve de comparação eu sei, e depois de comer no RU é que a gente empobrece de vez, porque aí qualquer peido que vc dá já custa mais que 5 almoços e tudo fica caro). Teu almoço de 25 reais foi composto de 5 capeletis ou fagotinis ou seja lá o que forem aquelas coisas quadradas tricolores (Ê Ô) recheadas de ricota com um molho, oka, muito gostoso, mas aí a pessoa tem que passar o resto da tarde tentando se convencer de que está satisfeita, pra não dar o braço a torcer, porque se falar que tá com fome, coisa de pobre, lá se vão mais uns cinquentinha pra completar o tanque.


E se meu tanque é flex, porque não comer o subway do dia todo dia? Ora, porque aí a diversão fica toda de lado. O ser humano bla bla bla bla bla bla se diferencia dos animais porque não come o subway do dia todos os dias. às vezes pára para apreciar um belissimo ravioli ao ragú de funghi, mesmo que a porção (diga-se de passagem todo mundo avisou que era uma porção DE DEGUSTAÇÃO) só dê pra encher o buraquinho da cárie (e olha aí a expressão de pobre me delatando outra vez).


A coisa toda é muito simples...Porque você (pobre) é impelido a comer mais quando é de graça ou quando o buffet oferta algo que te parece mais barato do que custa de fato? Porque somos todos oprimidos dia-a-dia pelo sistema...huahauahauh. 
Um sistema (Tô me divertindo porque estou imaginando Paulo Maluf falando isso. Se vocês não tem a referência, de quem será o azar? Pois é.)que manipula os pobres, tirando das prateleiras dos mercadinhos de bairro todo o queijo Gouda, e exportando tudo para os paises ricos e para o Pão de Açucar express. Um sistema que coloca o dedo na cara do consumidor...ok, parei.





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